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BNCC, Educação Integral e Artes Integradas

BNCC, EDUCAÇÃO INTEGRAL E ARTES INTEGRADAS


As Artes Integradas ainda são um elemento novo na educação brasileira. Para quem as conhece, elas podem ser uma possibilidade de inovação e melhora no processo do ensino-aprendizagem dentro das escolas. As Artes Integradas são apresentadas no documento da BNCC sem conceitos e metodologias, com aspectos equivocados, os quais trato sobre eles em um outro artigo sobre o tema. No artigo ‘Artes Integradas: entre a BNCC e a Escola’, faço uma comparação entre conceitos de Artes Integradas, o que foi colocado no documento da BNCC (2017), comparando com os conceitos de autores que pesquisam a temática. Ressalto também que há um perigo sobre o entendimento de que apenas um professor irá ministrar esta integração, caindo na tão temida polivalência, sendo que o ideal é o professor de arte (qualquer linguagem artística, ou algumas envolvidas) juntamente com professores de outras áreas do conhecimento realizem o trabalho em parceria. É importante observar que as Artes Integradas não tratam apenas de integrar as artes, mas de integrar arte e outros conhecimentos e até mesmo, o currículo. 

Por causa da BNCC, elas estão agora no contexto de nossa educação, o que é muito bom, mas sem os devidos cuidados, atenção e valor, ainda geram dúvidas, críticas e possibilidades de práticas equivocadas. São poucas as discussões e estudos sobre elas até o momento, só para constar, há 11 anos realizei em meu mestrado um estudo sobre a temática, o que é interessante notar é que nesse tempo pra cá não apareceu mais nenhuma pesquisa sobre as Artes Integradas. Só agora, recentemente, por causa da BNCC, começaram a surgir alguns trabalhos, como um artigo sobre o tema, mas que compreende a prática de integração artística como polivalência. 

Diante disto, no artigo citado acima se propõe apresentar questões que permeiam as Artes Integradas em seus aspectos conceituais e os elementos intrínsecos que as acompanham para sua efetivação. Assim, começo destacando que integrar não é um hábito em nosso contexto educacional, além disso, nas instituições escolares os termos integração e interdisciplinaridade são pouco utilizados e quando são, muitas das vezes ocorrem de forma corriqueira e despida de qualquer embasamento teórico, ancorada na fala: ‘Vamos juntar?’. O que dificulta práticas coerentes e uma integração efetiva. 

Com a BNCC, a proposta de educação integral nos confronta essa conduta, sendo necessário um novo olhar para a formação de professores de arte e para o ensino de arte.  A ênfase na reformulação destes dois aspectos é de grande importância para que seja garantida a seriedade no ensino de arte voltada para a formação integral dos sujeitos, bem como, a valorização da arte como componente importante dentro da escola. 

Quando se fala sobre a educação do tempo presente, contemporânea, não é possível desvencilhá-la dos conceitos-paradigmas e, muito menos, da educação integral. A educação integral está focada na formação do sujeito como um todo, em suas várias dimensões. A arte, como uma área que por si só integra vários conhecimentos, necessita de se envolver nisso, propor inovações e relações interdisciplinares em pesquisas, diálogos e práticas, para que, inclusive, se tenha mais espaço de atuação tanto do componente, quanto dos arte-educadores na escola. 

Infelizmente, o documento da BNCC, que direciona a criação de currículos, trata a educação integral de forma ilusória e equivocada, porque, além de outras questões apresentadas em seu texto, ele não compreende a igualdade entre os conhecimentos, mas escancara sua hierarquização, enfatiza mais determinados conhecimentos como português e matemática, o que já embarga uma educação integral eficaz. Provoca a fragmentação dos conhecimentos, inviabilizando que o processo educativo perpasse pelas várias dimensões humanas e sociais. 

Assim, nesta compreensão, se os conhecimentos estão fragmentados dá a entender que a formação integral é alcançada a partir das competências e habilidades de determinados componentes.  A integração proposta no documento é bem direcionada, o professor precisa estar ciente da junção dos componentes por área de conhecimento, conhecer sobre sua área e os componentes que fazem parte, conhecer as competências e habilidades gerais e específicas, inclusive de seu componente, trabalhando tudo isso de forma interdisciplinar. Na contramão da educação integral, mostra-se a sobrecarga do professor e a superficialidade nos processos integrativos, sem contar que não existem propostas de trabalhos em parcerias, o que é primordial. 

Estas questões apresentadas até aqui, juntamente com a falta de estrutura nas instituições escolares, precariedade na formação e profissionalização dos professores, confronta a realização de uma educação integral efetiva. 

O ponto principal é: como tratar de forma coerente a relação e diálogos entre conhecimentos, competências, habilidades e sujeitos, trabalhando a totalidade do ser, enfatizando, realmente, as várias dimensões humanas conforme a nova realidade, a BNCC? A Base indica e direciona conteúdos e perspectivas de como realizar a abordagem, mas se olhar com cuidado, a BNCC propõe algo complexo para nosso contexto escolar, podendo ocorrer riscos de surgirem equívocos no momento das práticas, servindo apenas um ensino para números e escrita. 

Apesar disso, a busca pela educação integral deve ser incansável. Ela se faz necessária, porque traz transformação nos envolvidos, no conhecimento aprendido e ensinado e, até mesmo, no contexto escolar. Promove o envolvimento com diferentes abordagens e conceitos integradores, sendo importante amparar as dimensões paradigmática (pensamento) e a ação (prática) do educador ancoradas no que eu chamo de conceito-paradigmas: a interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e o pensamento complexo. Estes conceitos permitem o trafegar pelos diálogos e abrangências que cada integração e situação pedagógica propõe, ampliando a relação entre o pensar, sentir e agir (prática) dos envolvidos.


Para mais informações, leia também: 

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular, educação é a base. Brasília: MEC/SEF, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf  

FARIA, Aline Folly. Artes Integradas: características das práticas desenvolvidas em escolas de Goiânia. Goiânia, 2009. Disponível em: 

http://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tde/2716/1/Dissertacao_Mestrado_Aline_Faria.pdf  


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